"VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA" Deputada criticada por decote entra na Justiça

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Um decote colocou a deputada estadual Paulinha, de Santa Catarina, no noticiário nacional. Poucos procuraram saber sobre sua vida pública e o currículo que a fez prefeita de Bombinhas, litoral catarinense, por duas vezes e os motivos que levaram mais de 55 mil pessoas a votarem nela. Não importou. O macacão vermelho, com o tal generoso decote que evidenciava os seios siliconados, escolhido para sua posse custou R$ 900 e sua integridade. Paulinha foi severamente criticada nas redes sociais, xingada e ameaçada. O caso vai agora parar na Justiça.
“Minha equipe está printando os comentários, documentando e vou entrar com uma ação judicial contra os detratores”, avisa a deputada, filiada ao PDT: “Ser ciricada na vida pública é algo normal e esperado. Mas me senti psicologicamente violentada. Um internauta disse que se eu for estuprada não posso reclamar. Uma mulher comentou que eu não poderia falar de Deus, pois Deus não abençoaria uma mulher como eu”.
Os comentários recebidos por Paulinha Os comentários recebidos por Paulinha Foto: reprodução/instagram
Não foi fácil para Paulinha chegar em casa e se deparar com a enxurrada de comentários pejorativos. “Chorei muito. Fiquei até às quatro da manhã tentando ler e entender o que um decote pode ter de errado. Me senti frágil como uma mulher se sentiria diante dessa situação. Mas também tenho meu lado empoderado e que me faz levantar todos os dias e dizer: essa sou eu e luto para quebrar paradigmas e padrões que não condizem com o que eu penso e pensam muitas mulheres que se veem representadas por mim”.
Aos 43 anos, mãe de duas filhas, uma de 20 e outra de 18, Paulinha tem um guarda-roupa despojado, típico de alguém que vivia na praia. O decote da posse não foi o primeiro. Ela já tinha ostentado outro durante sua diplomação e nada foi falado.
Ela conta que recebeu total apoio da família e do namorado, e viu, no meio do limbo, surgir um movimento em prol de sua imagem vinda de mulheres de todo o país, inclusive de famosas, como Fernanda Young e Maria Ribeiro. “Tenho recebido tantas mensagens lindas, tocantes e de mulheres que admiro. De políticas, inclusive, que me dizem que agora vão usar o que bem entenderem e falar não ao protocolo”, comemora.
Paulinha diz que não pensou no bafafá que o look fosse causar. E se lembrou de Geisy Arruda, que num episódio tão triste quanto este, foi impedida de entrar na faculdade Uniban, em São Paulo, usando seu vestido rosa curto e posteriormente expulsa: “Ela era uma menina, universitária, com seu vestido. Eu sou uma mulher, deputada eleita, prefeita duas vezes, com 90% de aprovação, que deixou a escola pública de ensino integral de maior rendimento no país para seus moradores. Uma mulher bonita e gostosa e além disso inteligente? Ainda é demais para muitos. Mas vamos mudar esse pensamento”.

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