O portal de notícias canadense-americano Vice News publicou uma reportagem em vídeo que fala sobre o poder bélico do tráfico de drogas e a rotina da polícia do Rio contra o crime organizado. A produção mostra a rotina dos criminosos, a grande apreensão de armas e dá um aviso, baseado no depoimento dos bandidos: os traficantes brasileiros estão preparados par ir à guerra contra (Jair) Bolsonaro. O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) e a Polícia Civil vão investigar as ameaças ao presidente.
A reportagem é conduzida pela americana Mariana Van Zeller, que em uma das passagens “passeia” com traficantes fortemente armados pela Favela Parque Belém, em Angra dos Reis, controlada pela facção Terceiro Comando Puro (TCP). Em um trecho, ela conversa com um criminoso o questionando o que acha do presidente do PSL, que flexibilizou a posse de armas no Brasil.
“Ele vai fazer o Brasil entrar numa guerra urbana. Em vez de matarmos alguém do Comando Vermelho, ou ADA (facção Amigo dos Amigos), a gente vai atrás do ‘polícia’ para matar aquele cara que é policial, diz o traficante, afirmando que é impossível acabar com o tráfico. O vídeo também traz ainda trechos do discurso de posse de Bolsonaro, quando ele defende sua política de combate ao crime, do direito a “legítima defesa” e de acabar com a “ideologia que defende bandidos”.
A repórter também pergunta ao traficante sobre os armamentos que eles usam e ele afirma que “devido ao índice de guerra na cidade, aumentaram (as armas). Antes quem via um fuzil na rua ficava doido, com medo. (Hoje) Já está normal chega a manusear uma pistola”, fala o criminoso, dizendo que perdeu vários amigos na “guerra” e que matou mais de 35 pessoas.
Van Zeller chega a manusear uma pistola com “kit rajada” que estava com um dos traficantes, capaz de disparar 30 tiros de uma só vez. “É a Glock rajada. Se apertar sai tudo, vai rasgando tudo que tá pela frente (sic), diz o criminoso.
A reportagem também acompanhou a apreensão de vários tabletes de drogas dentro de um carro durante uma batida da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Via Dutra, que os agentes alegaram que abasteceria favelas do Rio. Ela também visitou um depósito da Polícia Civil, mostrando a grande quantidade de armas apreendidas nas mãos de criminosos.
“No Brasil, em geral, há uma resposta muito tímida do estado. Um criminoso que é preso hoje portando uma arma de guerra, um fuzil, uma pistola semiautomática, normalmente ficará menos de um ano na cadeia. E quando um criminoso efetua disparos contra uma equipe e não chega a matar um policial e ele é preso, fica pouquíssimo tempo na cadeia também. (…) Isso causa uma sensação de impunidade, de que o crime compensa”, diz à reportagem o delegado Fabrício Oliveira Pereira, que já foi titular da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos .
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