A secretária-adjunta de Gestão Hospitalar da secretaria de Estado de Saúde (SES), Caroline Campos Dobes, foi indiciada por peculato no âmbito das investigações da Operação Espelho, da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor). Porém, continua no cargo até o momento.
Ela é apontada em diversos depoimentos como uma das pessoas que autorizam os pagamentos para as empresas e já teria feito pressão para outros funcionários assinassem notas para pagamentos.
Em um dos depoimentos, um ex-servidor identificado com Nabih Fares, afirma que foi demitido por Caroline a mando do secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo (União), e que diante disso chegou a ligar para a primeira-dama do Estado, Virgínia Mendes, tentando reverter a demissão.
O interrogado entrou em contato com a primeira-dama Virgínia, dizendo que a pedido de Caroline e Gilberto foi desligado, e Virgínia disse que falaria com Gilberto a respeito disso e que, posteriormente, deu retorno dizendo que Caroline estaria irredutível, diz trecho do documento da Deccor encaminhado ao Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo).
Em outro trecho, uma servidora afirma que durante uma reunião, ela foi pressionada por Caroline e diretores do hospital a assinar um documento para regularizar pagamentos à empresa - tendo em vista suas recusas em atestar integralmente os serviços que não vinham sendo prestados. Por fim, narrou que não teve oportunidade de ler o documento sendo pressionada a assiná-lo imediatamente, diz trecho do depoimento.
Para a Deccor, as condutas descritas e narradas comprovariam o desvio de dinheiro público. Os elementos probatórios existentes permitem a conclusão da prática do crime de Peculato nos contratos da empresa L.B Serviços Médicos Ltda com o Hospital Metropolitano de Várzea Grande, ante ao superfaturamento por inexecução, pagamentos de plantões médicos não comprovados, completa.
Ao todo 22 pessoas foram indiciadas pelos crimes de peculato, organização criminosa e fraude em licitações. Também foi identificado o pagamento de mais de R$ 90 milhões sem licitação ou contrato. Ou seja, através de indenizações.
A Deccor também afirmou que abriu novos inquéritos para continuar os desdobramentos e possíveis participações de agentes públicos.
Outro lado
Secretaria de Estado de Saúde (SES) afirmou que Caroline Dobes permanecerá no cargo de secretária-adjunta de Gestão Hospitalar.
A atual gestão acredita na idoneidade da gestora governamental e dará oportunidade para que ela comprove que não teve qualquer envolvimento com a situação investigada, disse por meio de nota.
Ainda de acordo com a Pasta, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) irá fazer uma análise detalhada dos fatos para verificar se existem elementos para outras providências.
Já em relação a primeira-dama, a reportagem questionou sobre a tentativa de reverter a demissão do servidor, e se ela teria indicações na saúde do Estado e se tem o costume de interceder por servidores. Porém, até o fechamento desta edição, a assessoria não retornou.
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